Aprender a gerir e lidar com as nossas emoções é fundamental para o nosso crescimento pessoal, mas como o Autoconhecimento potencia a tua gestão emocional? Vamos descobrir!

Sabias que és constituída por vários corpos? Como uma cebola, o ser humano também tem várias camadas, ou véus (Kosha), que escondem o nosso verdadeiro eu, a nossa verdadeira essência. Dessas camadas, umas são mais densas, feitas de matéria, e outras cada vez mais subtis, feitas de vibração, ondas mentais, etc.

O teu corpo físico (Annamāyā Kosha – Anna – Alimento; māyā – Ilusão; Kosha – corpo/camada – Corpo ilusório feito de Alimento), tu já sabes que ele está aí, consegues vê-lo, tocar-lhe, senti-lo! É o teu corpo mais denso, feito de matéria (da mesma matéria que são feitas as estrelas!!) É o corpo responsável pelas nossas necessidades básicas de sobrevivência, como alimento, água e abrigo.

O teu corpo energético (Prānamāyā Kosha – Prāna – Energia; Corpo ilusório feito de Energia), é mais subtil, se calhar já o sentiste mas nem te apercebeste do que era… 😉A energia pode manifestar-se sob a forma de calor, de vibração, ou até de outras formas, se calhar nunca paraste para o sentir, mas é possível! Este corpo tem um papel muito importante nas tuas funções vitais, fundamentais para te manteres vivo, como a digestão, circulação e respiração.

Depois tens um corpo mental (Manomāyā Kosha – Mano – Mente; Corpo ilusório feito de pensamentos), que consiste nos teus sentimentos, pensamentos, emoções, memória e imaginação. (Algumas linhagens consideram o corpo emocional como um corpo separado do corpo mental) No entanto, sejam um só ou separados, estão, sem dúvida, interligados. Claramente já te apercebeste que este corpo existe em ti. De onde viriam todos os pensamentos que a tua mente cria constantemente?

Depois tens ainda o corpo intelectual (Vijñānamāyā Kosha – Vijñāna – conhecimento ou sabedoria; Corpo ilusório feito de conhecimento), constituído pelo nosso intelecto, intuição e sabedoria interior. Este é um dos corpos mais subtis, muitas vezes passamos anos sem tomarmos consciência que ele existe, apercebemo-nos da nossa intuição, mas quantas vezes deixamos a nossa mente comandar, em vez de seguirmos esse pressentimento?

Por fim, temos o Corpo de alegria suprema (Ānandamāyā Kosha – Ānanda – Felicidade suprema; Corpo energético feito de Felicidade), o último véu que cobre o nosso EU (Self – Ātman). É o corpo responsável por sentirmos alegria, felicidade, amor e através do qual podemos experienciar a interconectividade com todas as coisas. (i)

Em primeiro lugar, é importante que saibas que a inteligência emocional só é adquirida com autoconhecimento (Svādhyāya – lê mais sobre isto aqui) e que o autoconhecimento potencia a tua gestão emocional!

Há várias formas de trabalhar o autoconhecimento, sendo a prática de Yoga uma delas.

O Autoconhecimento pode começar por simplesmente parares e observares-te. Observares o teu corpo físico, a tua respiração, as tuas emoções, a tua mente, etc. Essa observação pura e simples, sem qualquer tipo de pré-conceito, sem qualquer tipo de julgamento, vai ser, sem dúvida, uma porta de entrada para o trabalho da tua gestão emocional.

Além do trabalho sobre o teu autoconhecimento, há várias técnicas que podes utilizar para ir trabalhando a gestão das tuas emoções. Como podes perceber do que falámos acima, as tuas emoções estão intimamente ligadas ao teu corpo mental, então esse treino pode ser feito em conjunto, mas se souberes que as tuas emoções, sejam elas quais forem, têm um ciclo (como tudo na natureza) que deve ser concluído para que elas possam fazer o seu caminho e ficarem resolvidas, talvez te ajude a não reprimir emoções que não vão embora nunca.

Como vimos também, o nosso corpo mais subtil, a última camadinha da cebola, é o corpo feito de felicidade suprema, onde está a alegria e o amor, então, esse estado de felicidade, de alegria, de amor, é o nosso estado natural. Tal como às vezes o céu fica cheio de nuvens que escondem o sol, as outras emoções muitas vezes chegam e tapam esse estado natural de felicidade, de alegria. Mas tal como no céu, apesar de existirem nuvens, o sol está sempre lá, brilhante e quente, mesmo que não o consigamos ver, também nos dias em que as emoções aparecem, podem tapar o sol que é a nossa felicidade, mas ela não deixa de lá estar, sempre!

Então, não tenhas medo de dar espaço às tuas emoções! Deixa que façam o seu ciclo natural, que cheguem, que se manifestem e que vão embora. Para o teu sol de felicidade voltar a brilhar! Não há emoções boas e más, todas são válidas! Usa-as para te conheceres melhor. Tenta perceber, porque é que determinada situação faz surgir determinada emoção em ti? Este trabalho de autoconhecimento (que pode ser feito com o apoio da psicoterapia, por exemplo) é fundamental para o teu crescimento pessoal!

Infelizmente fomos criados (e criámos) uma sociedade onde a inteligência emocional é altamente desvalorizada e onde gerir as tuas emoções é muitas vezes encarado como fazer de conta que elas não existem, no entanto, esta forma de lidar com as emoções só nos leva a becos sem saída, repletos de emoções reprimidas que desencadeiam reações inconscientes em nós.

Por exemplo, quando estamos tristes, uma das formas dessa emoção se expressar é através do choro, mas muitas pessoas não se permitem chorar, empurram essa tristeza para dentro e não a deixam sair (porque a nossa sociedade assim nos ensina) então, essa tristeza demora muito mais tempo a dissipar-se, e às vezes fica, e fica, e não vai mesmo embora, consome-te! Então, permite-te expressar as tuas emoções (claro, sem por em risco a tua integridade nem a dos outros), mas se precisas de bater, bate (numa almofada, num saco de boxe, etc) se precisas de gritar, Grita! Ou canta alto, por exemplo! Deita cá para fora o que quer que vá aí dentro! Deixa as tuas emoções fazerem o seu ciclo e gradualmente vais aprender a serenar o teu corpo emocional.